quinta-feira, 19 de agosto de 2010

ONDE ESTÁ O EVANGELHO?




Onde está o Evangelho? Tenho visto cultos em várias igrejas e conversado com vários daqueles que se denominam “crentes”, mas não tenho conseguido enxergar, com raras exceções, o genuíno Evangelho de Cristo nestes lugares nem nestas pessoas.

Tenho ouvido pregações interessantes, muitas delas super bem-humoradas, que levantam meu astral, me fazem sentir extremamente importante e, a cerca dos meus planos e projetos, insistem que se eu me esforçar alcançarei meus objetivos nesta vida; basta seguir oito ou dez passos para sucesso garantido. Mas onde foi parar aquela antiga preocupação com uma vida além desta? As pessoas utilizam um linguajar diferente; um “evangeliquês” (como diz João Alexandre1), que inclui palavras do tipo: “varão”, “vaso”, “benção”, “paz do Senhor”, “servo (a)”, “mistério”... Mas cadê aquele velho papo sobre pecado, arrependimento, santificação, céu e inferno?

“Inferno??? Pega mal; espanta!”, alguém vai dizer. Está fora de moda pregar sobre estas verdades bíblicas. Dirão ainda: “não importa se Jesus foi o maior expositor da doutrina do inferno, talvez isso funcionasse na época dEle, mas não funciona na nossa; as igrejas secarão se pregarmos sobre isso. O importante hoje são os “resultados” e isso nós temos obtido, é só olhar as igrejas lotadas; de tendas à santuários (isso para não falar do ainda em construção “Templo de Salomão”) o Brasil está cheio!”.

Talvez eu seja um pessimista. Talvez o problema esteja em mim, pois, por mais que eu me esforce, eu não consigo enxergar esses tais “resultados”. O que querem que eu entenda por “resultados”? Templos lotados? Baladas gospel? Pessoas em êxtase, com lágrimas nos olhos e mãos levantas, sendo conduzidas pela música, dizendo “Senhor eu te quero”, “preciso de Ti”, “estou apaixonado”, “abraça-me”, “estou enfermo de amor”...? Estes são os “resultados”? Se são estes, só me resta lamentar e chorar, pois se tudo que sobrou se resume a isto, o que se pode concluir é que Deus não está mais na igreja! Jesus declara: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3.20 – NVI). Estas palavras foram dirigidas a igreja de Laodicéia, mas poderiam muito bem ser dirigidas a igreja evangélica no Brasil. Nós estamos cultuando um Cristo que está do lado de fora da igreja, batendo na porta e pedindo para participar do nosso culto, mas nós não O escutamos; o show aqui dentro é muito bom e a música muito alta.

Os lobos invadiram o aprisco; clamem desesperadamente, ovelhas, pelo bom Pastor ou não haverá salvação. Precisamos nos voltar mais uma vez para as Sagradas Escrituras e ouvir mais uma vez o brado dos reformadores “sola Scriptura!!!” (somente a Escritura!!!), a fim de recuperarmos as velhas doutrinas contidas no Evangelho do Senhor. Numa época em que tantos surgem auto intitulando-se “pastores (as2)”, “bispos (ou bispas3)”, “apóstolos (as)” e até “patriarcas4”, são as velhas doutrinas de Cristo e dos Apóstolos (os quais os nomes podemos encontrar nas páginas do Novo Testamento), e não as pós-modernas invencionices humanas, que nos manterão à salvo das bocas destes lobos vorazes.

Basta!!! Não podemos mais ficar calados diante deste cristianismo superficial, onde o crente é definido como alguém que levantou a mão durante algum apelo, foi batizado, tem seu nome no hall de membros da igreja e dá dez por cento daquilo que ganha. A igreja evangélica está soterrada sob o entulho do mundanismo. Aliás, a igreja tem se tornado uma instituição desacreditada neste país. “Quando psicólogos seculares, como Karl Menninger, perguntam a igreja: ‘O que aconteceu com o pecado?’, pensamos que é uma boa hora fazer algumas perguntas duras”5. O que acontecerá se insistirmos em manter incrédulos no hall de membros de nossas congregações, dando tudo o que eles procuram e diluindo o Evangelho para não chocá-los? Se nós continuarmos com este modelo evangelístico pragmático que temos adotado hoje, que visa trazer pessoas a qualquer custo para dentro das igrejas, e assim sacrificam a doutrina em lugar do entretenimento, dentro de dez anos não haverá mais igreja no Brasil6, pois, à exemplo da Europa, a igreja estará tão indissociavelmente ligada ao “mundo”, que não será mais possível fazer qualquer distinção. Ao ouvirem a pregação de Cristo, “muitos dos seus discípulos disseram: “Dura é essa palavra. Quem pode suportá-la?...Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo” (Jo 6.60,66). No dia em que expurgarmos da igreja todo trapo de trivialidade e passatempo, as pessoas começarão a deixá-la, e é possível que venhamos a ser reduzidos (numericamente) de maneira drástica, a ponto de sermos considerados um povo minúsculo, mas lembremos que Deus, vez por outra, se agrada em chamar pequeninos e por meio deles executar propósitos grandiosos. Alegre-se igreja, pois se isto acontecer, não há de ser para nossa tristeza e sim para nosso júbilo, pois saberemos que Deus está purificando sua noiva para as bodas do Cordeiro. Recordemos mais uma vez as palavras de João: “Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos” (1 Jo 2.19).Como Jesus declarou: “Como foi nos dias de Noé, assim também será na vinda do Filho do homem. Pois nos dias anteriores ao Dilúvio, o povo vivia comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca; e eles nada perceberam, até que veio o Dilúvio e os levou a todos. Assim acontecerá na vinda do Filho do homem” (Mt 24.37-40).

Que Deus nos ajude, levantando pessoas que, como Noé em meio a uma geração rebelde, preguem fielmente a Palavra de Deus, “quer ouçam, quer deixem de ouvir” (Ez 2.5). Pessoas que ergam o estandarte do Evangelho e, pelo Espírito de Deus, tragam quebrantamento e profunda convicção de pecado a esta nação. Que o povo brasileiro saiba o que é novo nascimento e, à semelhança dos grandes avivamentos na história da igreja7, seja tomado por uma urgente necessidade de busca por santidade, leitura e reflexão bíblica, seguida de oração e comprometimento com o “ide” do Senhor (Mt 28.19). Que a Escritura possa ser o grande juiz ao qual recorremos em todas as coisas, para que assim essa sociedade seja impactada e o Evangelho brilhe intensamente. Precisamos ver o Evangelho mais uma vez irradiando dos nossos púlpitos, para não sermos pegos de surpresa pelo Dilúvio, enquanto a porta da arca ainda está aberta e o Filho do homem não torna.


Sola Escriptura!


Nelson Ávila, 19 de agosto de 2010


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1 “... esse ‘evangeliquês’ universal...”. Trecho da música “É proibido pensar” (álbum de mesmo nome) de João Alexandre.

2 Não encontramos o feminino de “pastor” nas Sagradas Escrituras, nem mesmo o de “presbítero”.

3 “Bispa” é um assassinato a língua portuguesa, desde que o feminino de “bispo” é “episcopisa”.

4 Renê de Araújo Terra Nova, que já era “paipóstolo” (sendo sua esposa “mãepóstola”), foi reconhecido Patriarca da Visão Celular no Modelo dos Doze, durante o 13º Congresso Internacional da Visão Celular no Modelo dos Doze em Manaus, 19 de junho de 2010, 49º aniversário do apóstolo. Confira mais detalhas no blog: http://www.reneterranova.com.br/blog/?p=3063 , assesso em 16 de Agosto de 2010, as 20:11 hrs.

5 Citado por Michael Scott Horton (o editor) em “Religião de Poder” (BOICE, J. M., PACKER, J. I., SPROUL, R. C., MCGRATH, Alister e outros, Religião de Poder, editora Cultura Cristã, São Paulo – SP, 1998, p.16.).

6 Embora falando desta maneira, sei que Deus sempre preservará os Seus, mas quero que matenhamos um senso de urgência para com o reestabelecimento ético, moral e bíblico do povo de Deus.

7 Como os que aconteceram através das vidas Lutero (1483-1546), Calvino (1509-1564), John Knox (1514-1572), Jonathan Edwards (1703-1758), George Whitefield (1714-1770) e John Wesley (1703-1791).


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Paul Washer - Todos os homens nascem maus

Uma pregação que fere com arrependimento e cura com a salvação...Ah, quantas saudades desse evangelho!

Evandro C. S. Junior, 11 de Agosto de 2010

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