“Deixei de ser evangélico” foi o título de uma postagem que li e me deixou extremamente chocado. Este artigo foi escrito por um dos componentes do movimento “Caminho da Graça”, e, a meu ver, não passa de mais um vômito pútrido produzido por um liberal, com o intuito de manchar as alvas vestes da Noiva do Cordeiro, mas, ainda assim, não pude deixar de sentir tristeza ao ler.
“Deixar de ser evangélico não é negar a fé, antes é afirmá-la”. Não entendi o que o autor quis dizer com tal declaração. Que fé ele deseja afirmar, já que o mesmo declara: “Não faço da minha teologia a minha fé”? Isto não seria uma imensa contradição? Aquilo que ele crê (sua fé) não é baseado no conhecimento que possui de Deus (sua teologia). É baseado no que então? Na própria fé? É fé na fé, como fazem os teólogos da prosperidade?
“Não creio na doutrina fundamentalista da inerrância das Escrituras”, é outra de suas declarações que carece de coerência, pois, somente baseado na absoluta veracidade das Escrituras é que se pode lançar bases para o credo particular que ele apresenta: “Eu creio no Deus de Amor revelado no Filho e na Salvação dos homens realizada Nele. Eu creio no poder do Espírito Santo que distribui dons a fim que Sua Igreja seja edificada. Eu creio na Ressurreição e na vida Eterna”. Sobre que outra estrutura ele pode formular tal credo senão na inerrância do testemunho bíblico? É nas Escrituras que ele encontra o “Deus de Amor revelado no Filho” e a “Salvação dos homens realizada Nele”. Se estas Escrituras estiverem repletas de erros, seu credo pode do mesmo modo estar completamente ERRADO. A Escritura é a autoridade para a sustentação deste credo como verdadeiro. Este “liberal-peregrino-do-Caminho-da-des-Graça” diz crer “no poder do Espírito Santo que distribui dons a fim que Sua Igreja seja edificada”, mas não é capaz de crer que este mesmo Espírito Santo seja poderoso o suficiente para edificar a Sua igreja através de um eficaz e INERRANTE testemunho das verdades que Deus quis revelar aos homens. Falar em línguas, profetizar e demais manifestações sobrenaturais incríveis, parecem (segundo sua concepção dá a entender: “distribui dons a fim que Sua Igreja seja edificada”), perfeitamente possíveis ao Espírito, mas revelar inerrantemente a Verdade de Deus por meio das Escrituras já seria ir longe demais; seria ir além do poder do Espírito... Crer na “Ressurreição e na vida Eterna” é uma coisa, na inerrância é outra bem diferente...
Sobre a “Salvação dos homens”, ele também apresenta uma perspectiva particular: “Não acredito na condenação por causa da informação. Não creio que a salvação depende da informação”. O que ele quer dizer com isso? Provavelmente o antigo papo liberal do universalismo, ou uma sincera preocupação de colocar no céu aqueles que nunca ouviram falar de Jesus, mas para que evangelizar então? É melhor que permaneçam no seu estado de ignorância e inocência, desta maneira terão a desculpa diante do Trono do Julgamento: “Eu não sabia!”. Mas Deus “de maneira alguma terá o culpado por inocente” (Ex 34.7; Num 5:28; Nau 1.3) e “todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só” (Rom 3.12), de sorte que tal argumento de nada valerá diante de Deus, “pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis”(Rom 1.20), pois, devido ao pecado [sua condição é de “mortos em ...delitos e pecados” (Ef 2.1)] encontram-se incapazes de responder a revelação geral de Deus que está diante dos seus olhos. Toda a esperança de salvação do homem encontra-se portanto na Graça de Deus: “Pela graça sois salvo, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8). Pela Graça e mediante a Fé, de modo que para ser salvo o homem precisa crer. “Mas como crerão naquele de quem não ouviram falar?” (Rom 10:14). Como dizer que a salvação não depende da informação se é preciso ter a informação para saber no que crer? “Como crerão naquele de quem não ouviram falar?”. A salvação vem pela Graça em co-dependência da fé que é gerada por Deus através da informação contida na Palavra. Desprezar a informação é desprezar o próprio Deus que a deu como canal de Sua Graça.
“Quero me deliciar com a Palavra esteja ela na bíblia ou nas músicas do Raul Seixas”. O que seria isso? Um convite à louvarmos a Deus cantando “Viva a sociedade alternativa... Faz o que tu queres pois é tudo da Lei! Da Lei! ...O número seiscentos e sessenta e seis chama-se Aleister Crowley1”? Se isto não é apostasia, não sei mais o que apostasia significa! “Ninguém pode servir a dois senhores” (Mt 6:24; Lc 16:13). É possível por esta frase compreender perfeitamente o tipo de indivíduo que a escreveu; é como o homem de Hebreus 6: “...Os que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro, e depois caíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; visto que, quanto a eles, estão crucificando de novo o Filho de Deus, e o expondo ao vitupério” (Hb 6.4-6). Como disse João: “Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco” (1 Jo 2.19). Que o estado deste ainda não tenha chegado ao ponto da impossibilidade de renovação “para arrependimento” (Hb 6.6) e que o mesmo possa voltar ao “meio dos nossos” (1 Jo 2.19), pois do contrário, “Aquele dia é dia de indignação, dia de tribulação e de angústia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas” (Sof 1:15).
O liberalismo é uma praga que se alimenta da fé das pessoas e não se dá por satisfeito enquanto não suga até a última gota de temor. O liberalismo não liberta, pelo contrário, aprisiona o homem num sistema teológico sem Deus onde a deusa razão é quem governa e a luz no fim do túnel é um clarão avermelhado produzido pelas chamas do inferno. O que este apóstata prega é irracionalismo; anti-intelectualismo travestido de respeitabilidade acadêmica.
“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser;” (Rom 8.7).
“Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizadecontra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tia 4.4).
“Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Cor 2.14).
O mais triste nessa história é que o tal que-deixou-de-ser-evangélico é professor de teologia em um seminário ligado a Convenção Batista e em um outro de linha Pentecostal. Imagine o que estes jovens e imaturos (biblicamente) alunos de teologia estão aprendendo com este professor. Num dos comentários a esta postagem, uma aluna do seminário Pentecostal dizia: “comecei faz alguns meses [no seminário], mas já ouvi muitas coisas boas sobre você. Só lamento de não ter tido aula com você... Queria te pedir algo: quando eu tiver dúvida de algum assunto no seminário eu posso pedir sua ajuda?”. Pense em que bela ajuda pode oferecer um lobo a uma ovelhinha desavisada... A Chapeuzinho Vermelho que o diga...
“Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis” (2 Pe 1.10).
Sola Scriptura!
Nelson Ávila, 15 de outubro de 2010.
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OBS: Para ler o artigo aqui referido clique: http://ivofernandes.blogspot.com/2009/07/deixei-de-ser-evangelico_14.html?showComment=1269881431994#c2803762431256487426 .
1 Aleister Crowley (12 de Outubro de 1875 – 1 de Dezembro de 1947), nascido Edward Alexander Crowley, foi um influenteocultista britânico, responsável pela fundação da doutrina Thelema. Ele foi um membro da Ordem Hermética da Aurora Dourada, e também o co-fundador da A∴A∴ e eventualmente um líder da Ordo Templi Orientis (O.T.O.). Ele é conhecido hoje em dia por seus escritos sobre magia, especialmente o Livro da Lei, o texto sagrado e central da Thelema, apesar de ter escrito sobre outros assuntos esotéricos como magia cerimonial e a cabala.
Crowley também era um hedonista, bissexual, usuário recreacional de drogas, e crítico social. Em muita de suas façanhas ele "iria contra os valores morais e religiosos do seu tempo", defendendo o libertarianismo baseado em sua regra de "Faz o que tu queres".
O cantor e compositor brasileiro Raul Seixas foi um grande divulgador e seguidor da obra de Aleister Crowley. Suas principais canções sobre Crowley e a Thelema são "Sociedade Alternativa", "Novo Aeon" e "Loteria de Babilônia".