segunda-feira, 28 de março de 2011

O Calvinismo como Sistema de Vida na Perspectiva de Abraham Kuyper


Para Kuyper (2003) o Calvinismo “não é um fenômeno parcial, nem foi um fenômeno simplesmente temporário, mas é um sistema de princípios abrangente que, enraizado no passado, é capaz de fortalecer-nos no presente e de encher-nos com confiança para o futuro” (p. 28).

Há condições essenciais requeridas para sistemas gerais de vida, tais como o Paganismo, o Islamismo, o Romanismo e o Modernismo. Analisando as três relações fundamentais de toda vida humana – “[...] a saber, (1) nossa relação com Deus, (2) nossa relação com o homem, e (3) nossa relação com o mundo” (Ibidem). – percebemos que o Calvinismo preenche todas as condições com superioridade.

Na relação do homem com Deus, constatamos que o Paganismo vê Deus na criatura, enquanto que o Islamismo separa Deus da criatura; o Catolicismo coloca a igreja entre Deus e a criatura, e o Modernismo ou nega uma relação (existência) com Deus, ou reveste-se de algum sistema como o panteísmo ou agnosticismo, visando aniquilar o poder da igreja e manter sua relação de independência. Somente no Calvinismo, Deus se comunica com a criatura de forma imediata em “Deus o Espírito Santo” (KUYPER, 2003, p. 30).

No relacionamento do homem com o homem, tendo em vista a multiformidade da raça humana, tanto o Paganismo quanto o Islamismo e o Catolicismo, acentuam as diferenças, criando todo tipo de hierarquia e opressão, enquanto que o Modernismo procura eliminar todas as diferenças, destruindo “[...] a vida por colocá-la sob a maldição da uniformidade.” (KUYPER, 2003, p. 35). Apenas o Calvinismo, de acordo com Kuyper (2003), por derivar sua relação do homem com o homem de sua própria relação com Deus:

[...] coloca toda nossa vida humana imediatamente diante de Deus, então segue-se que todos, homem ou mulher, rico ou pobre, fraco ou forte, obtuso ou talentoso, como criatura de Deus e como pecador perdido, não tem de reivindicar qualquer domínio sobre o outro, e que permanecemos iguais diante de Deus, e conseqüentemente iguais como seres humanos (p. 35, 36).

Desta feita, a única distinção entre os homens a ser reconhecida, é aquela que o próprio Deus estabeleça quando confere “[...] a um autoridade sobre o outro, ou enriquece um com mais talentos do que o outro, para que o homem de mais talentos sirva o homem de menos, e nele sirva o seu Deus” (KUYPER, 2003, p. 36). Assim, o Calvinismo condena as desigualdades impostas e dignifica a pessoa, operando transformações sociais.

Na terceira condição, a qual analisa nosso relacionamento com o mundo, o Paganismo coloca uma relação muito alta do mundo, enquanto que o Islamismo mantém uma muito baixa. O Catolicismo coloca a igreja e o mundo em total oposição, sendo o primeiro santificado e o outro estando ainda sob a maldição; o Calvinismo, porém, ao enxergar o mundo como criação de Deus e entender a relação entre graça especial e graça comum, percebe com clareza seu papel nesta criação, servindo a Deus no mundo e louvando-O por Suas obras, enquanto que fazendo separação apenas daquilo que é pecaminoso no mundo.

O desenvolvimento destas relações na vida prática traz conseqüências suficientes para estabelecer o Calvinismo acima de todos os outros sistemas de vida.


Nelson Ávila

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

KUYPER, Abraham. Calvinismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.

3 comentários:

  1. Obrigado pelo comentário irmão Cleiton, realmente este livro é muito bom. Tive que desenvolver recentemente um trabalho referente a cosmovisão de Abraham Kuyper e expor sua abordagem das várias esferas da vida. Em breve estarei postando mais sobre como o Calvinismo se relaciona com a Política, Ciência, Arte etc...
    Deus o abençoe!
    Nelson Ávila.

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  2. A abordagem de Abraham Kuyper ao calvinismo é fascinante. Fico imaginando o que seria do Brasil se tivéssemos uma realidade dessas aqui. Eis aí uma coisa sobre a qual o povo de Deus poderia pensar com carinho, e deixar de dar ouvidos a teologias falidas como o tal "evangelho social", ora reciclado e com embalagem nova, na forma da pretensa "missão integral".

    Muito obrigado por mais esse 'post', Ir. Nelson!

    Vanderson M. da Silva.

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  3. Obrigado pelo comentário Irmão Vanderson, assino em baixo de tudo o que você disse!
    Abrçs.
    Nelson Ávila.

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