sexta-feira, 25 de março de 2011

Abraham Kuyper - Breve apresentação biográfica

“A partir da segunda metade do século XVIII, Tendo o seu grande expoente em Emanuel Kant, a pregação caiu sobre a influência do racionalismo” (CANUTO, 2000, p. 7), o que fez com que “os ensinos básicos da fé cristã como o pecado original, a expiação substitutiva de Cristo, a justificação pela fé, a trindade, as duas naturezas de Cristo” (Ibidem), simplesmente sumissem dos púlpitos. Sob influência desta postura filosófica e teológica, bem como dos avanços na esfera científica, paulatinamente começou a estruturar-se no campo acadêmico um movimento que ficou conhecido na história da igreja como modernismo ou liberalismo cristão.

Em seu livreto O Modernismo e a Inerrância Bíblica, o pastor Brian Schwertley (2000, p. 13) traz a seguinte definição:

O liberalismo cristão é parte de um movimento religioso, político e cultural mais amplo na Europa (em primeiro lugar) e então na América, que tem sua base na visão humanista secular. A razão pela qual os historiadores e teólogos referem-se ao liberalismo cristão como modernismo é o fato de que os liberais cristãos têm comprado e adotado a visão de mundo secular moderna. Eles têm adaptado seus ensinamentos para refletirem o espírito desta era.

Foi exatamente neste contexto social, histórico e cultural, edificado sobre os alicerces da razão e confiante numa eminente evolução humana que culminaria no surgimento de um novo mundo (o “paraíso na terra”! – onde o homem, abandonando seu estado primitivo, saltaria do metafísico para o científico [ou positivo], expurgando de si todo misticismo e superstição, de forma que Deus [compreendido como uma criação das necessidades humanas] se tornaria “apenas uma suposição irrelevante” que logo deixaria de existir), que em 29 de Outubro de 1837, em Maasluis, na Holanda, nasceu Abraham Kuyper (1837 – 1920).

Filho do Rev. Jan Hendrik e Henriette Huber Kuyper, o jovem Kuyper freqüentou a escola em “Maasluis, e em Middelburg, onde seu pai foi chamado em 1849.” (PORTELA NETO, 2003, p. 9).

Seus professores, nos é dito, tomaram-no a princípio como um menino lento no entendimento. Eles devem ter mudado sua opinião quando, com a precoce idade de doze anos, estava habilitado a entrar no Ginásio em Middelburg. No tempo oportuno foi matriculado na Universidade de Leyden, na qual foi graduado com a mais alta honra. Foi também aqui que obteve seu Doutorado em Teologia Sagrada em 1863, quando estava com cerca de vinte e seis anos de idade (PORTELA NETO, p. 9).

Durante seu período de estudos na Universidade, época em que a vida religiosa em seu país, como já mencionada a princípio, encontrava-se em profunda decadência – “A vida eclesiástica estava fria e formal. A religião estava quase morta. Não havia Bíblia nas escolas. Não havia vida na nação.” (PORTELA NETO, p. 11) – Abraham Kuyper acabou por acompanhar a corrente moderna. “Ele disse que não tinha simpatia por uma igreja que espezinhou sua própria honra; nem por uma religião que era apresentada por uma igreja como essa.” (PORTELA NETO, p. 12) Chegou mesmo a tomar parte “em aplaudir o professor Rauwenhoff, que abertamente negou a ressurreição corporal de Jesus.” (PORTELA NETO, p. 12) Contudo, algumas experiências o impressionaram profundamente, levando-o a repensar sua posição.

Por meio de uma pesquisa acadêmica (onde encontrara-se, de maneira surpreendente, com a obra do reformador polonês João de Lasco); da leitura de uma famosa novela inglesa (“O Herdeiro de Redcliff”); e, principalmente, da convivência e trato com o povo simples e humilde da primeira paróquia onde atuou como pastor, Abraham Kuyper chegou a conversão, e no resgate de sua tradição reformada encontrou uma resposta satisfatória para as inquietações de sua alma.

Abraham Kuyper (1837 – 1920) foi sem dúvida uma das personalidades mais proeminentes de sua época. Um teólogo (com Doutorado pela Universidade de Leyden em 1863) e filósofo calvinista; líder do partido Anti-Revolucionário e membro do parlamento por mais de trinta anos; Editor Chefe do De Estandaard (O Estandarte – jornal diário e órgão oficial do partido Anti-revolucionário) e editor do De Heraut (O Arauto) por mais de quarenta e cinco anos; fundador da Universidade Livre de Amsterdã em 1880, onde exerceu ainda os papéis de administrador e professor; Primeiro Ministro da Holanda de 1901 a 1905 e autor de diversas obras, dentre as quais destacam-se: Enciclopédia de Teologia Sagrada, a Obra do Espírito Santo e o clássico de cunho devocional Estar Perto de Deus; de sorte que torna-se praticamente impossível falar sobre a Holanda do final do séc. XIX e início do séc. XX, sem mencionar o Dr. Kuyper.

Com um legado tão significativo, não espantaria o fato de, na data de seu septuagésimo aniversário (1907), alguém escrevesse a seu respeito: “A história da Holanda nos últimos quarenta anos, em sua igreja, estado, sociedade, imprensa, escolas e nas ciências, não poderia ser escrita sem a menção do nome de Abraham Kuyper em praticamente todas as páginas” (PORTELA NETO, 2003, p. 5).




Nelson Ávila

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


CANUTO, Manoel Sales (Ed.), Prefácio. In: SCHWERTLEY, Brian. O modernismo e a inerrância bíblica. Recife: Os Puritanos, 2000.

PORTELA NETO, Francisco Solano (Ed.), Nota biográfica. In: KUYPER, Abraham. Calvinismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.

SCHWERTLEY, Brian. O modernismo e a inerrância bíblica. Recife: Os Puritanos, 2000.



5 comentários:

  1. Deus o abençoe por nos brindar com este texto, Irmão Nelson! Sobre a trajetória de Abraham Kuyper, entendo que, entre outras coisas, ela nos ensina que há esperança de salvação até mesmo para o empedernido teólogo liberal e modernista. É importante atentarmos para isso, pois, muitas vezes, em nossos ataques às heresias dessa gente, não levamos em conta a possibilidade da pessoa se converter.

    Um forte abraço!

    Vanderson M. da Silva

    http://polemistareformado.wordpress.com/

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  2. O brigado por mais um bom comentário! Irmão Vanderson, creio que cada um de nós tem testemunhado alguns casos assim. Eu mesmo, tendo estado durante vários anos na igreja, antes de deparar-me com a fé reformada sustentava idéias verdadeiramente opostas à maravilhosa lei de Deus. O relativismo moral e ético, pluralismo, inclusivismo etc., faziam parte da minha cosmovisão; e creio piamente que fora o Espírito de Deus que, por meio das doutrinas da graça, quebrou meu entendimento apóstata e me levou a entregar-me totalmente nos braços de nosso Salvador.
    Deus nos abençoe e nos dê graça para expor fielmente a Sua Palavra e testemunhar mais transformações desse tipo!
    Abçs.
    Nelson Ávila.

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  3. BREVE CRÍTICA AL PROFETISMO JUDÍO DEL ANTIGUO TESTAMENTO: La relación entre la fe y la razón expuesta parabolicamente por Cristo al ciego de nacimiento (Juan IX, 39), nos enseña la necesidad del raciocinio para hacer juicio justo de nuestras creencias, a fin de disolver las falsas certezas de la fe que nos hacen ciegos a la verdad mediante el discernimiento de los textos bíblicos. Lo cual nos exige criticar el profetismo judío o revelación para indagar la verdad que hay en los textos bíblicos. Enmarcado la crítica al profetismo judío en el fenómeno espiritual de la trasformación humana, abordado por la doctrina y la teoría de la trascendencia humana conceptualizadas por los filósofos griegos y sabiduría védica, instruida por Buda e ilustrada por Cristo; la cual concuerda con los planteamientos de la filosofía clásica y moderna, y las respuestas que la ciencia ha dado a los planteamientos trascendentales: (psicología, psicoterapia, logoterápia, desarrollo humano, etc.), y utilizando los principios universales del saber filosófico y espiritual como tabla rasa a fin de deslindar y hacer objetivo “que es” o “no es” del mundo del espíritu. Método o criterio que nos ayuda a discernir objetivamente __la verdad o el error en los textos bíblicos analizando los diferentes aspectos y características que integran la triada preteológica: (la fenomenología, la explicación y la aplicación, del encuentro cercano escritos en los textos bíblicos). Vg: la conducta de los profetas mayores (Abraham y Moisés), no es la conducta de los místicos; la directriz del pensamiento de Abraham, es el deseo intenso de llegar a tener una descendencia numerosísima y llegar a ser un país rico como el de Ur, deseo intenso y obsesivo que es opuesto al despego de las cosas materiales que orienta a los místicos; es por ello, que la respuestas del dios de Abraham son alucinaciones contestatarias de los deseos del patriarca, y no tienen nada que ver con el mundo del espíritu. La directriz del pensamiento de Moisés, es la existencia de Israel entre la naciones a fin de llegar a ser la principal de todas, que es opuesta a la directriz de vida eterna o existencia después de la vida que orienta el pensamiento místico (Vg: la moradas celestiales, la salvación o perdición eterna a causa del bien o mal de nuestras obras en el juicio final de nuestra vida terrenal, abordadas por Cristo); el encuentro cercano descrito por Moisés en la zarza ardiente describe el fuego fatuo, el pie del rayo que pasa por el altar erigido por Moisés en el Monte Horeb, describe un fenómeno meteorológico, el pacto del Sinaí o mito fundacional de Israel como nación entre las naciones por voluntad divina a fin de santificar sus ancestros, su pueblo, su territorio, Jerusalén, el templo y la Torah; descripciones que no corresponden al encuentro cercano expresado por Cristo al experimentar la común unión: “El Padre y Yo, somos una misma cosa”, la cual coincide con la descrita por los místicos iluminados. Las leyes de la guerra dictadas por Moisés en el Deuteronomio causales del despojo, exterminio y sometimiento de las doce tribus cananeas, y del actual genocidio del pueblo palestino, hacen evidente la ideología racista, criminal y genocida serial que sigue el pueblo judío desde tiempos bíblicos hasta hoy en día, conducta opuesta a la doctrina de la no violencia enseñada por Cristo __ Discernimiento que nos aporta las suficientes pruebas objetivas de juicio que nos dan la certeza que el profetismo judío o revelación bíblica, es un semillero del mal OPUESTO A LAS ENSEÑANZAS DE CRISTO, ya que en lugar de sanar y prevenir las enfermedades del alma para desarrollarnos espiritualmente, enerva a sus seguidores provocándoles: alucinaciones, cretinismo, delirios, histeria y paranoia; propiciando la bibliolatría, el fanatismo, la intolerancia, el puritanismo hipócrita, el sectarismo, e impidiendo su desarrollo espiritual. http://www.scribd.com/doc/33094675/BREVE-JUICIO-SUMARIO-AL-JUDEO-CRISTIANISMO-EN-DEFENSA-DEL-ESTADO-LA-IGLESIA-Y-LA-SOCIEDAD

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  4. Rodolfo Plata, Cristo testificou que não apenas todo o AT era autoritativo e inerrante, mas até cada palavra do original tinha este mesmo conceito. Mat 5:17-20. Ou você aceita a Palavra de Cristo e toda a Escritura, já que Cristo acreditava nela e mencionou quase todos os livros do AT, ou abandona tudo e não fica nem mesmo com Cristo. O Cristo que você inventou para você não é o Cristo da Bíblia. Leia SCHWERTLEY, Brian. O modernismo e a inerrância bíblica. Recife: Os Puritanos, 2000 e ore para que Deus converta seu coração.
    Soli Deo Gloria! Sola Scriptura!

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  5. Rodolfo Plata, procure aí no México algum pastor Reformado (mas um reformado de verdade) e ortodoxo que o ajude e ore por você. Seu problema é apostasia. Você precisa de novo nascimento. Lei o livro de Eta Linnemann "Crítica Histórica da Bíblia". Ela foi discípula de Bultmann e se converteu após seu mestrado (ou doutorado).
    Nelson Ávila.

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