“ Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos, e dizeis: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos com eles para derramar o sangue dos profetas.
(Mt 23.29,30)”
Nesse dia 31 de outubro de 2010 completou-se 493 anos de reforma protestante e muitas memórias saltam as nossas mentes. Palestras neste grande dia são realizadas não somente em todo Brasil, mas em quase todo o mundo, biografias de Lutero, Calvino e Zuinglio são lidas com até mesmo muito saudosismo, as emoções brotam nos corações daqueles que ouvem essa maravilhosa vitória da igreja de Cristo em meio ao caos de profanação da idade média! Em fim, é um dia muito festivo.
Nas mais variadas denominações observo essa mesma atitude de admiração para com esses homens que Deus usou na Reforma Protestante. Não obstante, ainda percebo muitos “pregadores evangélicos de diferentes credos” citando em suas pre-gações, sucessores da reforma como os puritanos, Edwards, Spurgeon e etc. Muitos reformados vêem nisso um fator positivo, todos em unanimidade admiram esses santos homens de Deus; eu porém, abomino tal atitude dessas pessoas.
O quê!? não seria bom um zeloso pentecostal admirar Lutero e fazer referencia a ele em todo momento como um homem santo? Um arminiano convicto ter como base de sua vida cristã, o exemplo de Spurgeon? Que ótimo...não? Não, que péssimo!
Sinto um cheiro muito forte de farisaísmo em todas essas atitudes, ainda que seja uma hipocrisia “inconsciente”, mesmo assim é uma hipocrisia.
Sinceramente não vejo motivos para um pentecostal ser um celebrante da reforma protestante, a reforma trouxe o grito da Sola Scriptura, mas o pentecostal é alguém que – diferentemente dos reformadores – acredita que sempre há novas revelações fora das escrituras. Diminuem a qualidade de suas vidas cristãs para se entregarem ao “misticismo revelacional conteporaneísta”, ajustam as escrituras (revelação maior) à suas profecias, sonhos e visões (revelação menor); trazendo assim uma confusão para o corpo de Cristo. Uma palavra de Deus (Escrituras Sagradas) que é maior do que a “outra palavra de Deus(sonhos, profecias e revelações)”. O brado dos reformadores era Sola Scriptura, não somente para termos doutrinários, mas para toda o direcionamento da vida cristã também, sem tradições do romanismo, sem novas revelações(do anabatismo da época), somente a escritura.
Por que arminianos tem tamanha reverencia por Lutero se não compartilham de suas idéias sobre a salvação dos homens. Tenho certeza que se alguém estudasse a fundo a soteriologia de Lutero não o admirariam tanto! Mas alguém poderia replicar: nós admiramos sua pratica e não sua doutrina.
Quanta falácia! Calvino, Lutero, Wyclif, Huss, Knox e muitos outros, eram apenas a pratica personificada daquilo que professavam crer. Eles, diferentemente de muitos hoje em dia, não viam esse binômio de doutrina e prática.
Knox viveu até o ultimo segundo de sua perseguida vida, de forma exemplar, exatamente pela visão da glória de Deus que tinha em seu coração, nas suas veias escorriam sangue que ansiava ser derramado até a ultima gota para o seu Deus soberano e predestinador de todas as coisas. Knox era calvinista.
Com o altíssimo senso de perseverança cristã que Martinho Lutero possuía, não podemos concebê-lo cantandoCastelo Forte é o nosso Deus, e imaginando ao mesmo tempo, que poderia a qualquer momento “perder” suasalvação! Novamente repito: acredito que se até mesmo muitos calvinistas que se dizem moderados, se lessem mais profundamente suas obras, resguardariam precipitada admiração. Lutero tinha uma sensibilidade extrema a doutrina da soberania de Deus:
Por que Deus não cessa de fazer pressão que, certa mente, produzirá maus resultados? Isso é o mesmo que pedir a Deus que deixe de ser Deus. Não podemos, realmente, imaginar que Deus deixará de fazer o bem, somente porque os ímpios sempre reagirão adversamente.
Por que Deus não altera a vontade perversa de pessoas como o Faraó? Essa questão toca na vontade secreta de Deus, cujos caminhos são inescrutáveis (Rm 11.33). Se alguém que é orientado por sua razão humana, fica ofendido por causa disso, que assim seja. As queixas nada mudarão, e os eleitos de Deus permanecerão inabaláveis. Poderíamos também perguntar por que Deus deixou que Adão caísse! Não devemos tentar estabelecer regras para Deus. Aquilo que Deus faz, não é correto porque o aprovamos, mas porque Deus assim o desejo. (Nascido escravo, Editora Fiel).
Semelhante ao evento ocorrido com Cristo e os fariseus, essas pessoas se recordam desses homens e dizem: Se existíssemos no tempo de nossos pais! Então visitam seus túmulos, lêem suas biografias e suspiram vontades de terem vivido nessa mesma época! Ledo engano, se tais homens vivessem no tempo de Calvino, Lutero e Tyndale, dariam as mãos ao Catolicismo para se oporem a tudo aquilo que ameaçasse sua autonomia apostata, que popularmente chamam de livre-arbítrio. Juntariam-se ao humanista Erasmo e não ao reformador Lutero. Admiram esses homens e desprezam suas mensagens, quanta contradição! A única espécie de profetas que essa massa realmente gosta, é a dos profetas mortos, não lhes incomoda.
O que encontramos então 493 anos depois? Um caos eclesiológico! Doutrinas tão santas, deturpadas de maneira violenta. Encontramos uma igreja com vários distúrbios em seus cultos, louvores carregados de humanismo e sem nenhum versículo bíblico, até mesmo denominações históricas que deveriam zelar por esses princípios, são as primeiras a relaxarem e se entregarem a sua própria indolência. Uma crença pagã sobre asoberania de Deus permeia os best-sellers que os nossos jovens lêem, o misticismo pentecostal no mais alto grau, a praga contagiosa da lixologia da prosperidade(não posso chamar isso de teologia), o pragmatismo em todas as facetas da igreja moderna, a ditadura dos teólogos libertinos e tolerantes ao extremo afogando os frustrados com a religião e etc e etc e milhares desses etc.
Ao contrario do que dizia o sermão de Edwards, a nossa geração pós-moderna é aquela que possui um Deus nas mãos de pecadores irados. Um deus destronado, despido de sua gloria eterna, um deus que está preso a palavra do “apóstolo” ou da “bispa”, o conceito mais intenso de blasfêmia é esse que cultua a nossa sociedade.
A soli deo gloria se tornou uma palavra estranha para os pastores do nosso triste século, o deus arminiano é aquele que impera nos púlpitos. O calvinismo parece estranho para qualquer um nos dias de hoje, e soa para os desavisados como até mesmo uma heresia(embora muitas vezes não saibam o que isso significa).
A pergunta pertinente depois desse tamanho afastamento é: por que esse povo ainda comemora o dia da Reforma?
Neo-farisaísmo, só pode ser...
Evandro C.S Junior, 01 de Novembro de 2010.
O amado irmão disse em seu artigo:
ResponderExcluir" mas o pentecostal é alguém que – diferentemente dos reformadores – acredita que sempre há novas revelações fora das escrituras. Diminuem a qualidade de suas vidas cristãs para se entregarem ao “misticismo revelacional conteporaneísta”, ajustam as escrituras (revelação maior) à suas profecias, sonhos e visões (revelação menor); trazendo assim uma confusão para o corpo de Cristo. Uma palavra de Deus (Escrituras Sagradas) que é maior do que a “outra palavra de Deus(sonhos, profecias e revelações)”.
Gostaria de saber sua opinião sobre pentecostais e neopentecostais. Gostaria de saber a quem o irmão se refere neste texto.
Desde já agradeço sua atenção....
querido nelson. queria lhe parabenizar por sua iniciativa. vou pensar sobre suas palavras. deus abrnçoe
ResponderExcluirEsta postagem foi escrita pelo Junior e não por mim (Nelson), mas arrisco-me a dizer que no ponto acima questionado pelo Pr. Diego, o autor refere-se a pentecostais e neo-pentecostais, sem distinção. Ambos comungam no que diz respeito a novas revelações. É claro que os absurdos neo-pentecostais vão a níveis mais altos no que se refere a extremos. Mas, quem quer que seja, ao adotar outras revelações aparte da Palavra de Deus (única Revelação de Deus aos homens), mina a suficiência das Escrituras. Observe: quando alguém diz: "Deus me disse isso e aquilo outro...", o que ele está afirmando é que recebeu uma mensagem da parte de Deus. Se essa mensagem não procede da Escritura, isso implica que é uma nova Palavra de Deus, pois se Deus disse, logo é Sua Palavra. Ou é o mesmo Espírito que falou pelos profetas ou é um ouro tipo de espírito alheio a Deus. O problema é: a bíblia não é suficiente para responder a todos os questionamentos humanos? Precisamos de profecias e revelações a parte da Palavra de Deus para responder a nossos questionamentos? Sabemos que ela é “todo o conselho de Deus” (At 20.27) e que “Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para TODA BOA OBRA”. Algumas pessoas dizem que essas novas revelações ou profecias não são equiparadas a palavra de Deus, mas como seria isso? Acaso não foi Deus quem falou? Ou não foi o Espírito Santo? Por acaso existem duas palavras de Deus? Tal atitude fere o conceito do Sola Scriptura (somente a Escritura) e está mais relacionada ao catolicismo romano que aos princípios da reforma, pois são os católicos (com seu misticismo medieval) que aceitam tais revelações, como por exemplo: A ascensão de Maria; A visita de Fátima aos três pastorinhos; as visões de santa Teresa d’Ávila, etc... Os evangélicos não aceitam isso, mas aceitam 23 minutos no inferno, divinas revelações do céu, inferno, véu, sangue, anjos, etc... Até alguns mais moderados repudiam, inconscientemente, a suficiência das Escrituras por acreditar que Deus lhes falará aparte da Palavra. Não existe Palavra de Deus fora da Palavra Revelada! A profecia vem pela leitura e estudo da Palavra ou pela pregação da mesma, e por nenhum outro meio.
ResponderExcluirSola Scriptura!
Nelson Ávila.
Querido Nelson. obrigado pela a sua atenção.Desde já, agora conheço a posição deste Blog em relação aos pentecostais clássicos e neo-pentecostais.Vejo claramente a falta de discernimento bíblico e histórico na classificação deste grupos. Mas que venhamos a continuar nossas mensagens na paz de Cristo, pois pelo menos temos o mesmo fundamento o qual é Cristo Jesus. 1 Cor 3:11. Mas como disse Paulo encerro dizendo, " mas veja cada um como edifica sobre este fundamento" . Amém.
ResponderExcluirPois é reverendo Diego, o que aos seus olhos é falta de discernimento bíblico e histórico, aos meus é um verdadeiro problema bíblico e histórico! Neste ponto (a cerca das revelações e profecias) os tratei indiscriminadamente pelo fato de ambos beberem do mesmo copo, no que diz respeito a tais dons carismáticos. Os neo-pentecostais diferem dos pentecostais em vários posicionamentos, mas não sobre a contemporaneidade dos dons carismáticos, e os dois segmentos tiveram as mesmas origens histócaricas nos movimentos místicos da idade média e no despertar anti-intelectual e emocionalista do final do século XIX e início do século XX. Não conheço nenhum dos homens que Deus levantou na história da igreja (homens bíblicos e tementes a Deus) que tenha afirmado possuir tais dons, pelo contrário, vejo Agostinho combater o montanismo, Lutero abandonar seu exílio no castelo de Wartburg, para arriscar a vida combatendo e expulsando de Wittenberg os profetas de Zwickau, os Puritanos combatendo os Seekers e etc... Os dons evidenciados na era apostólica, foram reais e extremamente importantes para o estabelecimento e edificação da igreja cristã do século I, todavia, não o são desde que recebemos a completa revelação de Deus, Sua Santa Palavra (as Sagradas Escrituras do Antigo e Novo Testamento). Desde então somos instados a guiar-nos por ela somente, afim de conhecermos todo o conselho de Deus e nos tornarmos perfeitos e perfeitamente preparados para toda boa obra (At 20.27; 2 Tm 3.17). Isto é o "Sola Scriptura" pregado pela reforma e por este blog também. "Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso" (Rm 3.4). Somente a Palavra de Deus é verdadeira e não há Palavra de Deus fora da Escritura (Palavra de Deus).
ResponderExcluirObs: Creio não ser necessário acrescentar aqui o quanto você (Pr. Diego)tem sido um estimado irmão em Cristo e digno de muito respeito da minha parte; que fique claro que nossa discussão é no campo teológico, não fraterno.
ResponderExcluirAbraços!
Com certeza... A paz...
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