Escrito por Joel R. Beeke como parte da introdução ao livro The Path of True Godliness (TEELLINCK, Willem, The Path of True Godliness, Reformation Heritage Books, Leonard St., NE, 2006, p. 12 – 15. Classics of Reformed Spirituality Series).
Tradução por Nelson Ávila.
Willem Teellinck nasceu em 04 de Janeiro de 1579 em Zerikzee, a principal cidade sobre a ilha de Duiveland, Zeeland, numa piedosa e proeminente família. Ele era o mais jovem de oito crianças. Seu pai, Joost Teellinck (1543 – 94), que serviu como prefeito de Zerikzee dois anos antes do nascimento de Willem, morreu quando Willem tinha quinze anos de idade. Sua mãe, Johanna de Jonge (1552 – 1609), viveu quinze anos após a morte de seu marido, mas estava freqüentemente enferma quando Willem era jovem. Willem foi bem educado em sua juventude; ele estudou Direito em St. Andrews na Escócia (1600) e na Universidade de Poitiers na França, onde obteve um doutorado em 1603.
Nos anos seguintes ele gastou nove meses com a comunidade Puritana na Inglaterra. Seu alojamento com uma piedosa família em Banbury e sua exposição à piedade Puritana ¾ vivida através de extensa adoração familiar, oração privada, discussões de sermões, observância do Sabbath, jejum, comunhão espiritual, auto-exame, piedade sincera e boas obras ¾ o impressionaram profundamente. Naquele tempo, o cântico de Salmos podia ser ouvido onde quer que uma pessoa caminhasse em Banbury, particularmente nos dias do Sabbath. Aqueles Puritanos não se sentiam em casa na igreja estabelecida; eles acreditavam que a Reforma havia trazido pouca mudança para a Inglaterra, e admiravam grandemente o modelo da Genebra de Calvino para a igreja, sociedade e vida familiar. Puritanos piedosos na Inglaterra tais como John Dod (falecido em 1645) e Arthur Hildersham (1563 – 1632) foram seus mentores, e as pessoas viviam o que estes teólogos ensinavam. Teellinck posteriormente escreveria sobre os frutos de suas vidas santas: “O caminhar cristão deles era tal que convencia até seus inimigos mais amargos da profunda1 sinceridade de sua fé e prática. Os inimigos viam a fé que atua poderosamente através do amor, demonstrada na honestidade de suas relações comerciais, obras de caridade para com os pobres, visitando e confortando os doentes e oprimidos, educando os ignorantes, convencendo os que erram, punindo o perverso, reprovando o preguiçoso e encorajando o devoto. E tudo isso era feito com diligência e sensibilidade, bem como com alegria, paz e felicidade, que ficava óbvio que o Senhor estava com eles.”
Teellinck acreditava que o Senhor o havia convertido na Inglaterra. Um zelo pela verdade de Deus e a piedade Puritana que jamais se extinguira nasceu em seu coração. Ele entregou sua vida ao Senhor e considerou mudar seu campo de estudos para a teologia. Após consultar alguns teólogos astutos na Inglaterra e passar um dia de oração e jejum com seus amigos, Teellinck decidiu estudar teologia em Leiden. Ele foi educado lá por dois anos sob Lucas Trelcatius (1542 – 1602), Franciscus Gomarus (1563 – 1641) e James Arminius2 (1560 – 1609). Ele se sentiu mais ligado a Trelcatius e tentou se manter neutro nas tensões que se desenvolveram entre Gomarus e Arminius.
Enquanto na Inglaterra, Teellinck conheceu Martha Greendon, uma jovem mulher Puritana de Derby, que se tornou sua esposa. Ela compartilhava o objetivo da vida de Teellinck de viver a praxis pietatis (“prática da piedade”) Puritana bem como no trabalho paroquial. Seu primeiro filho, Johannes, morreu na infância. Eles foram então abençoados com três filhos ¾ Maximiliaan, Theodorus e Johannes ¾ e todos eles se tornaram ministros Reformados com ênfases similares as de seu pai. Eles também tiveram duas filhas: Johanna, que casou com um ministro Inglês, e Maria, que casou com um político funcionário em Middelburg. O filho mais velho, Maximilliaan, se tornou pastor da igreja de língua inglesa em Vlissingen em 1627, e então serviu em Middelburg até sua morte em 1653. Willem Teellinck não viveu para ver seus jovens filhos ordenados ao Ministério. Nenhum de seus filhos se tornou tão renomado quanto seu pai, embora Johannes tenha atraído alguma atenção como pastor em Utrecht através de seu livro Den Vruchtbaarmakende Wijnstock (Cristo, a Videira Frutífica) e um sermão sobre as promessas de Deus. Em ambos ele tentou mover a Segunda Reforma numa direção mais objetiva.
Teellinck edificou sua família por seu exemplo piedoso. Ele era hospitaleiro e filantrópico, ainda ressaltou a simplicidade na mobília, vestuário e alimentação. Ele geralmente dirigia a conversa na hora das refeições numa direção espiritual. Conversa tola não era tolerada. A adoração familiar era escrupulosamente praticada à maneira Puritana. Uma vez por semana, Teellinck convidava alguns dos mais piedosos membros de sua congregação para se juntar à sua família nas devoções. Durante a noite, convidados eram sempre bem-vindos e esperados para participar da adoração familiar. Uma ou duas vezes por ano, os Teellincks observavam um dia em família de oração e jejum. Teellinck considerava esta prática como útil para levar a si mesmo e sua família à dedicarem-se inteiramente a Deus.
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1 A palavra traduzida aqui por “profunda” aparece como “wholeheartedness” no original, e foram descartadas as traduções mais óbvias (e corretas) como “sinceridade” e (literalmente/etimologicamente) “todo o coração” (whole/heart) para evitar redundância. Entendo que o objetivo do autor era a ênfase e por isso minha escolha por “profunda” (N. do T.).
2 James Arminius é o mesmo Jacobus Armínius, o pai do Arminianismo.
A história dos puritanos é uma grande fonte de inspiração para todos nós, hoje. Creio que, desde a era apostólica, eles são os mais notáveis exemplos de vida piedosa e consagrada a Deus que se conhece. A propósito, vale a pena ler aquele livro de J. I. Packer, "Entre os Gigantes de Deus" (Editora Fiel). Os cristãos brasileiros se surpreenderiam se soubessem o quanto aqueles homens e mulheres de Deus, por falhos que fossem (sim, não eram perfeitos), teriam a ensinar a todos eles.
ResponderExcluirQue o Senhor o abençoe por mais este texto, Irmão Nelson!
Vanderson M. da Silva.
Obrigado irmão Vanderson,
ResponderExcluirTenho o "Entre os Gigantes de Deus", mas confesso não ter tido possibilidade de lê-lo ainda, mas fica aqui a sugestão de "os Puritanos, Suas origens e seus sucessores", "Santos no Mundo", "quem foram os Puritanos e o que eles ensinaram" e qualquer outro livro que demonstre a piedade Puritana e sua forma de enxergar Deus e Sua Escritura.