quinta-feira, 7 de abril de 2011

A Motivação de Abraham Kuyper para a Construção de sua Biocosmovisão

Antes de analisarmos a extensão da cosmovisão (ou “biocosmovisão”, por estender-se a própria esfera da vida) “Kuyperiana”, faz-se necessário compreender as motivações que o levaram a empreender tão grandes esforços no desenvolvimento e sistematização desta matéria.

É próprio dizer que sua grande força influenciadora, se deve justamente “a tempestade do Modernismo”, que surgira com “intensidade violenta” em oposição ao próprio elemento cristão das glórias da cruz, bem como ao “[...] próprio nome cristão [... e...] sua influência salutar em cada esfera da vida.” (KUYPER, 2003, p. 18).

Segundo Kuyper, o ponto crucial fora alcançado em 1789, onde:

O grito furioso de Voltaire, “Abaixo com o salafrário”, foi apontado para o próprio Cristo [...] O protesto fanático de um outro filósofo, “Não precisamos mais de Deus”, e o lema odioso, “Nenhum Deus, nenhum senhor”, da Convenção; – foram os lemas sacrílegos que naquele tempo anunciaram a libertação do homem como emancipação de toda autoridade divina (Ibidem).

Na verdade, tudo isso não passou da “[...] expressão do pensamento mais oculto do qual nasceu a Revolução Francesa” (Ibid.), e embora Deus houvesse empregado a Revolução Francesa como:

[...] um meio para destruir a tirania [...] e trazer um julgamento sobre os príncipes que abusavam de suas nações como seus escabelos, [...] o princípio do qual a Revolução surgiu continua completamente anticristão, e desde então tem se espalhado como um câncer, dissolvendo e corroendo tudo quanto está firme e consistente diante de nossa fé cristã (Ibid.).

Preocupado com a situação social, moral, cultural, política e eclesiástica de seu próprio país (assim como a de toda a Europa), e consciente da luta mortal entre estes “Dois sistemas de vida”, Cristianismo e Modernismo, que expunha o primeiro a grandes e sérios perigos, o Dr. Kuyper (2003) percebeu que nesta batalha, princípio deveria ser colocado contra princípio e a partir daí, concebeu em seis pontos – (1) O Calvinismo como Sistema de Vida; (2) O Calvinismo e a Religião; (3) O Calvinismo e a Política; (4) O Calvinismo e a Ciência; (5) O Calvinismo e a Arte; e (6) O Calvinismo e o Futuro – um tão abrangente e extenso sistema de vida, quanto o do Modernismo que nos ataca; e este sistema não poderia ser outro, senão aquele que, longe de ser inventado ou formulado, fora simplesmente tomado como se apresenta na história, a saber, sobre os fundamentos do Calvinismo – “[...] a única, decisiva, lícita e consistente defesa das nações protestantes contra o usurpador e esmagador Modernismo” (KUYPER, p. 20). Como escrevera Oliveira (2006, p. 77): “[...] Kuyper estava convicto de que era através de um resgate do calvinismo original que o cristianismo poderia se opor vigorosamente aos princípios apóstatas resultantes do pensamento moderno”.


Nelson Ávila
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KUYPER, Abraham. Calvinismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.

OLIVEIRA, Fabiano de Almeida. Philosophando Coram Deo: uma apresentação panorâmica da vida, pensamento e antecedentes intelectuais de Herman Dooyeweerd. Fides Reformata, São Paulo, SP, v. 11, n. 1, p. 73 – 100, jan – jun. 2006.

2 comentários:

  1. De fato, temos testemunhado hoje no Brasil o quanto o evangelicalismo local, fortemente influenciado pelo arminianismo, tem sido incapaz de enfrentar com eficácia a ameaça do humanismo e do secularismo -- na verdade, tem mesmo incorporado ideias desses em sua teologia. Urge um renascimento do calvinismo aqui.

    Vanderson M. da Silva.

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  2. Concordo plenamente com você irmão Vanderson!
    Nelson Ávila.

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